Mitos do Espectro Autista promovem preconceitos e prejudicam a inclusão

Conscientização é a chave para desmistificar e contribuir para a qualidade de vida das pessoas dentro do espectro autista e seus familiares


O aumento significativo do número de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas últimas décadas, resultado de maior acesso da população aos serviços de diagnóstico e mais profissionais capazes de realizar a detecção, tem revelado a condição de saúde em muitos jovens e adultos, que, junto com familiares, passaram a lidar com uma série de mitos e preconceitos que prejudicam a inclusão e o acesso a serviços e oportunidades. O Abril Azul foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo.

As estimativas apontam que o Brasil possui entre 2 milhões e mais de 4 milhões de pessoas com autismo no país. Nos Estados Unidos, um levantamento do Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC) mostrou que, se nos anos 1970 o número de diagnósticos de transtorno do espectro autista (TEA) estava na de 1 para cada 10 mil crianças, em 1995 já havia pulado para 1 em cada mil, com uma curva de crescendo acelerada, chegando a 1 a cada 59 em 2018 e 1 a cada 44 em 2022. Segundo a OMS, uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA.

“Mais pessoas têm sido diagnosticadas com o TEA, em todas as faixas etárias. Por isso, os mitos sobre o TEA são muito prejudiciais, já que perpetuam estigmas, limitam oportunidades, atrasam diagnósticos e tratamentos, e contribuem para a falta de compreensão e empatia na sociedade em relação às pessoas dentro do espectro autista”, comenta o neurologista, Dr. Edson Issamu, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Ainda não há uma resposta comprovada do que pode causar autismo, mas entende-se que a herança genética desempenha um papel essencial. A condição também não tem cura e a incidência é de que a cada cinco pessoas com TEA, quatro são homens e uma é mulher, de acordo com pesquisa do Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC) dos Estados Unidos, mostrando uma prevalência considerável da condição entre os homens.

Os sintomas associados ao TEA são hiperatividade, falta de atenção ou interesse intenso em atividades específicas, sensibilidade ao som ou ao toque, ansiedade, falta de contato visual, movimentos repetitivos e irritabilidade. “Alguns outros sintomas podem não ser lidos como parte do espectro, por exemplo, dificuldade de interação social, reconhecimento de expressões faciais e também no entendimento de piadas, sarcasmo e sinais de comunicação não verbal”, explica o especialista.

Quanto mais informação, facilidade de acesso ao diagnóstico e profissionais de saúde capacitados, melhor será o atendimento e a promoção da inclusão e qualidade de vida das pessoas dentro do espectro autista e de seus familiares. 

 Conheça alguns mitos sobre o autismo em adultos

  • Autistas são incapazes de amar e ter empatia: este mito sugere que pessoas com TEA não podem desenvolver relações emocionais ou demonstrar empatia, o que é falso, pois muitos autistas experimentam emoções e se preocupam com os outros, embora possam ter dificuldades em expressar esses sentimentos de forma convencional.
  • Autismo é uma doença mental: o autismo não é uma doença mental, mas sim um transtorno do neurodesenvolvimento, o que significa que não pode ser curado, pois não possui uma causa específica identificada.
  • Vacinas causam autismo: este é um mito infundado, pois não há base científica que comprove qualquer relação entre vacinas e TEA. A Organização Mundial da Saúde (OMS) esclarece que a vacinação é essencial para a saúde pública e não está associada ao autismo.

A propagação de mitos, como a ligação entre vacinas e autismo, pode levar a atrasos no diagnóstico e tratamento adequado do TEA, como o acesso a intervenções terapêuticas essenciais. Também pode levar a um desconhecimento generalizado sobre o TEA e às necessidades das pessoas dentro do espectro autista, o que pode resultar em falta de empatia, compreensão e suporte adequado, dificultando a inclusão e o bem-estar desses indivíduos. Desfazer esses mitos contribui para promover uma compreensão mais precisa e inclusiva das pessoas dentro do espectro autista. 

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