Amazônia Sem Fome - como a insegurança alimentar afeta a região

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), organismo da Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB), lançou essa semana a Campanha Amazônia Sem Fome. O objetivo da mobilização é continuar refletindo sobre a realidade da fome que assola milhões de pessoas no bioma amazônico, mas uma reflexão que seja também propositiva, que oriente a efetivação de políticas públicas nos estados e pelo Governo Federal. A Amazônia, conhecida pela sua exuberante biodiversidade, também enfrenta uma dura realidade quando se trata de fome e insegurança alimentar. Segundo especialistas, a região tem sido invadida pelo capital financeiro, que centraliza os recursos naturais e impede a circulação de alimentos da floresta que historicamente era de acesso coletivo.


De acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, a região Norte do Brasil é a que mais sofre com a falta de alimentação para a população. Na Amazônia, de acordo com a Rede PENSSAN, a insegurança alimentar grave e moderada está presente em pelo menos 54% das residências de agricultores familiares da região norte.

 

Com essa campanha, a REPAM-Brasil quer propor a efetivação urgente de políticas públicas para garantir comida saudável, de qualidade e sem agrotóxicos para quem vive na Amazônia, e sempre com respeito aos modos de vida das comunidades da Amazônia.

 

Segundo o Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (Adapta Brasil), mais da metade dos municípios da Amazônia Legal não possuem condições e estruturas mínimas para enfrentar as consequências da crise. "Nesse contexto, a falta de condições e estruturas mínimas nos municípios da Amazônia Legal para enfrentar as consequências da crise climática, como a falta de acesso à água potável, energia elétrica e saneamento básico, amplia a vulnerabilidade das comunidades locais. Isso porque essas condições são essenciais para garantir a segurança alimentar, o acesso a alimentos saudáveis e para a promoção de práticas agrícolas sustentáveis", explica o professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e membro da REPAM, Carlos Alberto.

 

Nos próximos meses, a campanha da REPAM-Brasil realizará atividades de pesquisa e levantamento de dados sobre fome e insegurança alimentar na Amazônia legal, e com isso, vai propor uma série de diálogos com os governos estaduais e com o governo federal para a efetivação de políticas públicas de enfrentamento à fome e à insegurança alimentar no bioma, e de fortalecimento das iniciativas de agroecologia junto às comunidades. As ações de mobilização da Campanha Amazônia Sem Fome seguem até o mês de novembro de 2023, com encerramento no Dia Mundial dos Pobres.

 

Por Camila Del Nero

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