Vigor missionário mantém freira italiana entre os mais invisíveis de Salvador

Quem tem fome não aguenta esperar. Eis a preocupação da Irmã Adele Pezone, freira italiana que vive na periferia de Salvador, capital baiana há mais de três décadas. Aos 84 anos, ela não desanima de trabalhar em prol dos mais pobres dos pobres, dos invisíveis de uma sociedade desigual e capitalista.

Os preferidos aos olhos da freira missionária estão na periferia da capital, muitos em situação de vulnerabilidade social, famintos de dignidade, cidadania, comida e também moradia. A dinâmica italiana é da cidade de Caserta, que se trata de uma região da Campânia. A terra natal da religiosa que se denomina "ítalo-brasileira" é famosa pelo seu magnífico Palácio Real, construído pelo rei Carlos de Bourbon, governante dos Reinos de Nápoles e Sicília, a partir de 1752, projetado pelo arquiteto Luigi Vanvitelli, para rivalizar com o de Versalhes.

A freira que deixou o Sul da Itália para viver entre os esquecidos da periferia soteropolitana é de poucas palavras e muito dinamismo, pois embora tenha o rosto cansado e com as marcas do tempo; Adele carrega dentro de si uma admirável coragem, prontidão para ajudar o próximo. Os “filhos do coração” da religiosa são inúmeros, tal percepção é feita quando escutamos de uma das moradoras do bairro Mata Escura que encontrou nela uma mãe, alguém que cuida e se preocupa com toda a comunidade, sobretudo com as crianças.

Em sintonia com o que pedia Santa Dulce dos Pobres, a freira europeia defende que muito mais importante do que falar de caridade é praticá-la.

Além da vontade de servir, a destemida consagrada, que passa das cinco décadas de vida religiosa também é um referencial de coragem e amor. Quem faz tal constatação é um dos colaboradores da sua obra social, o aposentado Edson Silva. "Ela é a “Irmã Dulce” de agora, sempre muito preocupada e atenta as necessidades do próximo. Tudo que chega para a Irmã ela rapidamente procura distribuir e buscar quem precisa”, diz, emocionado.

Lucivaldo é outro colaborador e reforça o que pensa Edson. “Nós não temos palavras suficientes para expressar a importância, o papel da Irmã em nossas vidas, tanto para mim e mais ainda para toda minha família”, frisa.


 Congregação

 Irmã Adele é a única religiosa das Irmãs Missionárias de Cristo Redentor no Brasil. Ela não esconde os enfrentamentos constantes que faz para continuar sua missão na capital baiana. Segundo a religiosa, as autoridades da sua Congregação que está na Itália já convidaram para retornar ao país de origem, mas por ser obediente a sua consciência ela percebe que se muito já foi feito, muito ainda há por fazer.

O testemunho de vida da enérgica missionária já atraiu jovens para ingressarem na mesma família religiosa que ela. Quatro voluntárias que trabalharam nas obras da religiosa seguiram os seus passos e buscaram fazer o mesmo caminho, mas para obedecer a burocracia das instituições religiosas, foi necessário passar pelo período de formativo na Itália e lá permanecem até hoje.

Embora já esteja com o corpo cansado, a freira que ainda fala um português bem “pincelado” pelo italiano, afirma que um dos seus maiores desejos é poder trabalhar ao menos com uma das soteropolitanas que despertaram para a vocação religiosa em meio a animação missionária desenvolvida na Bahia.

Ela chegou em Salvador ainda nos anos 1990, quando foi acolhida pelo arcebispo primaz da época, o Cardeal Dom Geraldo Majela. (Clécia Rocha)

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