Campanha de prevenção ao suicídio reforça a importância da escuta ativa e do acolhimento nas escolas
A campanha do Setembro Amarelo, dedicada à prevenção ao suicídio, reascende a discussão dentro das escolas, onde o debate sobre saúde mental é cada vez mais urgente. O ambiente escolar, além de espaço de aprendizado, é também um território de convivência, acolhimento e cuidado. Nesse contexto, a escuta ativa se torna uma ferramenta fundamental para prevenir situações de sofrimento emocional, muitas vezes intensificadas por fatores como o bullying.
Tal prática se manifesta em agressões verbais, exclusão social, rumores e cyberbullying, contribuindo para queda no rendimento, isolamento e quadros de ansiedade e depressão. Por isso, medidas práticas como protocolos de denúncia anônima, ações educativas preventivas, monitoramento das redes e acompanhamento psicopedagógico são urgentes nas escolas
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, estudos indicam que o bullying e a falta de espaços de diálogo estão entre os fatores que podem contribuir para quadros de depressão, ansiedade e até tentativas de suicídio.
Diante desse cenário, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) tem reforçado a importância de colocar a saúde mental no centro das práticas pedagógicas. Para a entidade, promover uma educação integral significa ir além da transmissão de conhecimento: é também formar pessoas em suas dimensões humanas, sociais e emocionais.
“Ao fortalecermos a escuta ativa e o acolhimento dentro das escolas, cuidamos não somente da aprendizagem, mas também do bem-estar emocional de nossos alunos e profissionais da educação. Esse é um compromisso inegociável da educação católica, pois acreditamos que a educação só faz sentido quando contribui para o desenvolvimento integral da pessoa”, afirma a presidente da ANEC, Irmã Iraní Rupolo.
Para a Associação, o assunto é tão relevante que a compreensão do sofrimento psíquico e o cuidado com a saúde mental também foi tema do VII Congresso Nacional de Educação Católica, promovido pela ANEC recentemente. Durante o evento o psicólogo Aldi Roldão destacou que o cenário pós-pandemia agravou a solidão e os desafios emocionais vividos por crianças e adolescentes:
“O primeiro passo é desenvolver processos de escuta ativa e de presencialidade. A pandemia nos trouxe um aumento do distanciamento, um aumento do isolamento, que, ao invés de propiciar saúde, prejudicou muito a saúde mental. Agora precisamos reconstruir a importância do contato, da escuta e da presença real, não apenas física, mas afetiva e acolhedora”, ressaltou Roldão.
A ANEC reforça que cuidar da saúde mental dos estudantes precisa ser prioridade, especialmente diante dos impactos do pós-pandemia. Criar ambientes seguros, incentivar conversas abertas e fortalecer os vínculos entre escola, alunos e famílias são medidas essenciais para prevenir o sofrimento emocional e reduzir os riscos associados ao suicídio.
A instituição também reforça que políticas de prevenção ao bullying, a criação de espaços de diálogo, o acompanhamento psicopedagógico e a atenção aos educadores são essenciais para a construção de ambientes escolares seguros e inclusivos. O Setembro Amarelo lembra ainda que a prevenção ao suicídio é responsabilidade de todos. Famílias, escolas, gestores e profissionais de saúde precisam trabalhar em conjunto para identificar sinais de alerta e oferecer suporte emocional adequado.
“A promoção do bem-estar emocional fortalece vínculos, melhora o clima escolar e contribui para a formação de estudantes mais confiantes, resilientes e preparados para enfrentar desafios”, finaliza Irmã Iraní
Sobre a ANEC
A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) é uma instituição sem fins lucrativos, de caráter educacional e cultural, representante da Educação Católica no Brasil, e unida em comunhão de fé com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).
A instituição atua em favor de uma educação de excelência para promover uma educação cristã, entendida como aquela que visa à formação integral da pessoa humana, sujeito e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, segundo o Evangelho e o ensinamento social da Igreja.
A ANEC atua em 900 municípios do Brasil, realiza 172 obras sociais e tem como associadas 1200 escolas, que incluem Creche, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, e 81 instituições de Ensino Superior, que atendem a mais de 1,5 milhão de alunos, além de 363 mantenedoras.
Por Lucas Abbdallah